Primeiro vieram as rachaduras, os utensílios quebrados, as
imagens rasgadas, o barulho por nada. Muito após surgiu a escolha pelo silêncio
na minha casa interior para que eu pudesse ouvir e descobrir de onde vinham os ruídos.
Depois, a sensação de fracasso; não tinha muito o que se remendar por dentro,
o desajuste maior era fora de casa e quanto a isso eu nada podia fazer a não ser
mudar de morada.
Mas aí surgiu o incômodo do barulho de fora que insistia em se manter perto. Logo após, o arrependimento
de ter sido tão boba e ter permitido que aquilo se alojasse tão dentro de mim e
estragasse tanta coisa. Depois a raiva por novas coisas quebradas, mais
rachaduras, mais barulho quando eu já havia decidido me mudar e me calar. Mas por fim e assustadoramente, veio o novo sentimento da
indiferença.
Me assustei
pois sentia uma certa culpa pelo alívio e felicidade que sentia quando tudo ainda era recente. Juntar os novos-velhos cacos, limpar a nova casa, foi
como tomar um banho de alfazema. Não havia mais tragédia, tudo era esperança.
Aprendi então que a real indiferença nos traz paz e novamente, o
silêncio. E essa paz nos traz cores novas para as nossas lentes oculares e um caminho todo em branco. E foi essa miscelânia de gestos e cores que me confundiu e desviou o meu foco para o que é belo e tranquilo. O silêncio agora é oportunidade
para compor uma nova melo[dia].
Meu coração vai ser cuidado e meus olhos serão amaciados e
enamorados por uma vida que se mostra totalmente fascinante.
E por isso, pela paz, pelo silêncio, pela renovação e
sensação de tran-qui-li-da-de, meu corpo está voltando ao normal, minha mente volta a funcionar por si e minhas
psoríases sumiram. As pessoas percebem isso em mim e comentam o quanto estou mais bonita.
Tenho paz, minha gente.
Aqui já pode entrar sorriso bobo, frio na barriga quando chega, é pra trazer mensagem boa. A vontade de escrever aqui neste espaço, já vejo de
longe que ela está chegando e me trazendo um punhado de flor.