quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Das [muda]nças


Nunca mais condenarei aqueles que optaram por não fazerem nada de grandioso (ou apenas corajoso) em suas vidas. Que não casaram por medo de dar errado e ter que enfrentar um divórcio.  Que se acomodaram num subemprego por receio de arriscar aquela carreira. Que largou os projetos na primeira dificuldade e voltou para casa dos pais. Ou que não largou a vidinha que tinha porque era mais seguro, cômodo e fácil.

Ser feliz é o que todo mundo diz que quer ser, mas pagar por esse preço, abrir mão de certas garantias e comodidades é que “é mais embaixo”. Ainda não sei se temos receio pelo novo ou apego pelo que temos e que já está morno.

 
Dá muito medo ser corajoso.

domingo, 28 de outubro de 2012

sobre as mudanças

 
 
Primeiro vieram as rachaduras, os utensílios quebrados, as imagens rasgadas, o barulho por nada. Muito após surgiu a escolha pelo silêncio na minha casa interior para que eu pudesse ouvir e descobrir de onde vinham os ruídos. Depois, a sensação de fracasso; não tinha muito o que se remendar por dentro, o desajuste maior era fora de casa e quanto a isso eu nada podia fazer a não ser mudar de morada.
Mas aí surgiu o incômodo do barulho de fora que insistia em se manter perto. Logo após, o arrependimento de ter sido tão boba e ter permitido que aquilo se alojasse tão dentro de mim e estragasse tanta coisa. Depois a raiva por novas coisas quebradas, mais rachaduras, mais barulho quando eu já havia decidido me mudar e me calar.  Mas por fim e assustadoramente,  veio o novo sentimento da indiferença.
Me assustei pois sentia uma certa culpa pelo alívio e felicidade que sentia quando tudo ainda era recente.  Juntar os novos-velhos cacos, limpar a nova casa, foi como tomar um banho de alfazema. Não havia mais tragédia, tudo era esperança.
Aprendi então que a real indiferença nos traz paz e novamente, o silêncio. E essa paz nos traz cores novas para as nossas lentes oculares e um caminho todo em branco. E foi essa miscelânia de gestos e cores que me confundiu e desviou o meu foco para o que é belo e tranquilo. O silêncio agora é oportunidade para compor uma nova melo[dia].  
Meu coração vai ser cuidado e meus olhos serão amaciados e enamorados por uma vida que se mostra totalmente fascinante.
E por isso, pela paz, pelo silêncio, pela renovação e sensação de tran-qui-li-da-de, meu corpo está voltando ao normal, minha mente volta a funcionar por si e minhas psoríases sumiram. As pessoas percebem isso em mim e comentam o quanto estou mais bonita.
Tenho paz, minha gente.
Aqui já pode entrar sorriso bobo, frio na barriga quando chega, é pra trazer mensagem boa. A vontade de escrever aqui neste espaço, já vejo de longe que ela está chegando e me trazendo um punhado de flor.
 
 

sábado, 18 de agosto de 2012

Dos diálogos

- E ele me trata tão bem, sabe? Sempre me sinto uma princesa perto dele. Se eu penso em querer algo, ele chega com este algo. Se precisar dele em 5 minutos aqui-e-agora, ele chega. Tem um jeito de olhar todo terno quando falo. Me beija lindo quando peço, me abraça quente e forte quando eu preciso.

- Você não vai suportar tanta paz.

(Silêncio)

sábado, 23 de junho de 2012

Descobri que há bruschettas e Bruschettas

Não tem jeito, quando a falta da tal criatividade e a falta de tempo me apertam, eu sempre recorro às bruschettas. Rápidas, fáceis e deliciosas. Mas há outra coisa que descobri sobre as bruschettas: elas podem ficar ainda melhores!
De longe, foram as melhores que você já fez!” – Tico, o namorado devorador de carboidrato.
E foi verdade, nunca comi nada igual e por um pequeno-grande detalhe: o pão.
Comam Ciabatta! (pronuncia-se Tchiabata) que no português, olha que engraçado, significa chinelo. E dá pra entender o motivo, é um pão massudo, duro quase como um chinelo, rs. Ah, e delicioso.
Podem me chamar de doida, mas a textura na boca parece de um file mignon muito macio. Se mora aqui na região, eu encontrei no G Barbosa perto do shopping de Juazeiro, numa mesa pertinho da padaria, e custou coisa de 2 reais. Gostoso, barato e para ser perfeito, ele só deveria emagrecer.
Por isso ontem descobri que Há buschettas e BRUSCHETTAS.
Essa versão Glam é para fazer para alguém especial (nisto, se inclua).



Ingredientes:
1 baguette de ciabatta
50g de queijo Gruyère 
Azeite
Tomate e pimentão picados bem pequenos e marinados* por pelo menos meia hora na geladeira
Temperos: orégano, azeite, vinagre de vinho tinto, sal e pimenta do reino.
Manjericão fresco
Alho
* Marinar: é uma técnica culinária que consiste em colocar os alimentos numa mistura de temperos, muitas vezes na forma líquida, antes de cozinhar

Recheio:
Linguiça defumada frita
Alho negro
Tomates
Preparo:
O segredo de uma boa bruschetta consiste no preparo das torradas que devem ficar crocantes por fora e macias no seu miolo e nisto, o pão ciabatta foi o melhor. Bruschettas ressecadas demais cortam o céu da boca e bruschettas moles demais desmancham e se quebram.
Primeiro de tudo, ligue o forno a 180°C e vá preparar o tomate e pimentões cortando em pedaços pequenos. Essa é a parte mais chata do serviço, mas nada que uma boa música e uma cervejinha gelada não resolvam.
Despeje tudo numa vasilha com tampa e tempere como quiser. Eu usei: vinagre, azeite, sal, orégano e pimenta moída na hora. Coloque na geladeira tampado.
Unte uma forma com azeite e esfregue um dente de alho pra transferir o seu perfume.
Corte a baguette em fatias de dois dedos de largura e coloque para assar na forma untada por 15 minutos no forno que pedi lá atrás para pre-aquecer. (Esta temperatura de 180 graus não é frescura, é ela quem permite um aquecimento prolongado sem queimar ou endurecer o pão)
Enquanto isto, corte o queijo em fatias. Retire as torradas do forno e aqui vem o pulo do gato:
Lembra do seu tomate marinando? Retire da geladeira, pegue uma colher e regue as suas torradas com uma colher de caldo em cada uma delas. Se não tiver quase nada de caldo, unte com azeite. Coloque a fatia de queijo por cima e devolva ao forno até que o queijo comece a derreter.
Derreteu? Retire do forno e vamos aos recheios. Neste dia usei calabresa defumada frita + tomates e  tomates + pedaços de alho negro que são como comer pedaços de céu. O alho negro não encontrará aqui por enquanto. Estes meus são fruto de uma peregrinação que eu e a minha princesa do bailinho (vulgo Paty Catizani) fizemos no Mercado Central lá em BH e me custou 15 reais um potinho de nada com um tantinho de nada, mas eu precisava experimentar!  
Bruschettas devidamente recheadas? Se sobrou molho, regue mais uma vez um pouquinho em cada e devolva ao forno mais uma vez. 5 minutinhos só para amornar os tomates, retire do forno, transfira para um prato e toque final com folhinha de manjericão por cima para quem é de folhinha
Agora é só encontrar um bom filme, Um bom vinho (que não precisa ser caro), Uma boa companhia (a sua própria também serve) e buon appetito!

terça-feira, 5 de junho de 2012

Ando tão borocochô, passando os dias. Perceberam que agora me escondo na cozinha? É uma boa forma de fugir de um mal estar em mim. Nada de muito grave. Acho que viver requer pausas, muito embora esta esteja se prolongando. Não faz mal. Ou faz. E isso é bom, pelo menos para a psicanálise. Tenho seguido os dias assim, lendo uma coisinha aqui e acolá, umas cervejotas por alí, e uma saudade enorme de alguns amigos.

Agora além de cozinhar, quero aprender a costurar. Não sei de onde vem essas minhas invencionices. Quer dizer, sei sim. Vem do meu pai, que agora danou-se a querer aprender a tocar violão, aos 57 anos. Aliás, muito de mim vem dele. O que confesso, essa parte é uma pena. Ele é difícílimo, mas por ser homem, torna-se instigante. Eu, por ser mulher, torno-me assustadora. Búh.

domingo, 22 de abril de 2012

E batatas picantes, já comeu ?



Sabe aquela preguiça de domingo? Pois é, amiga caminhoneira. E por mais que o mercado seja alí na esquina, o sol que tem feito aqui pelas bandas no sertão não tem sido nada animador. Então bore se virar com o que tem na geladeira? E o que eu tinha? Batatas. Sabe as batatas que sobraram do Moussaka? Elas mesmas, essas bonitinhas que salvaram minha fome e virará o novo petisco hit do momento.
Pra fazer, muito simples:

·         Azeite BOM

·       Temperos da sua preferência. Eu usei: orégano, alecrim, pimenta do reino moída na hora, alho cortado grosseiramente, manjericão seco, ervas finas, salsa desidratada, sal moído na hora e pimenta calabresa no capricho.

·         Uma forma

·         Papel alumínio

Corta as batatas em quatro no sentido do comprimento e não faz a bobagi de descascar as batatas. É a casca que vai formar uma capinha "cocrante". Forra uma forma com papel alumínio e faz sua gororobinha de temperos com azeite. Meleca as batatas cortadas nela.
Cobre as bonitas. (Lembra de preaquecer o forno a 200ºC)
Manda pra assar por uns 30 minutos.

Tira o papel alumínio de cima. Deita elas de ladinho. Mais 10 minutinhos e tá prontinho.
Menina, isso fica bom. Mas isso fica BOM DUM JEITO quee mesmo que você não seja do time das batatas, arrisca fazer em casa só pra poder sentir o perfume que isso solta pela casa! Foi Deus quem inventou o orégano e o alecrim, tenho certeza.

Ó a situação do "negoço":



(Sabe que se clicar na foto, o negócio cresce, né?)
Eu como sou do time dos carboidratos, nem preciso falar que amei, e que esse gostinho apimentado combinou com uma Stellinha Artois que foi uma coisa.


segunda-feira, 16 de abril de 2012

Já comeu MOUSSAKA?

Não?


Mas nem anima que não é mais um novo “japa”. É um prato grego, mas se fôssemos adaptar para o Brasil se chamaria Escondidinho de pobre. E é fácil, quase rápido e mega gostoso. Vi no Mais Você e adaptei de acordo com o que tinha na geladeira.






(Foto não é minha, que não deu tempo de tirar pq a fome estava apertada e a máquina desligada)



Pra preparar para 4 pessoas, você vaiprecisar de:

Meia cebola picada.
3 dentes de alho picados
¼ de pimentão picado
Caldo de carne em pó
8 azeitonas sem caroço em pedacinhos (troquei por milho verde)
2 beringelas sem casca em cubinhos (não usei)
Shoyo
2 tomates sem pele e sem sementes picados
2 batatas grandes cortadas em cubinhos
500g de carne moída
Queijo mussarela.



Molho Bechamel:


500 mL de leite integral
2 colheres cheia de manteiga
5 colheres de farinha de trigo
Noz moscada
Sal e pimenta.



Sacaram que dará mais trabalho picar isso tudo do que fazer o prato propriamente dito, né? Então põe o Cartola na vitrola, prepara a bebida da preferência e já pra cozinha.


Começa descascando as batatas e cortando em cubinhos e põe pra cozinhar na água com sal; enquanto isso vai picando tudo que tem pra ser picado e não reclama que vai ficar supimpa.
 Numa outra panela derrama um tico de azeite e põe a cebola e alho pra dourar. Joga a carne. O caldo de carne em pó, o shoyo, espera começar a criar aquela aguinha e então despeja tudo que foi picado na carne (tomares, pimentão, berinjela, azeitonas ou no meu caso, joguei milho). Espera cozinhar.


 Batatas ficaram prontas? Põe pra escorrer. Numa forma marinex, unte com azeite e faz uma camada com batatas.


 Pega o queijo mussarela e corta em pedacinhos e faz uma camada em cima das batatas. Dai vem a necessidade de fazer o molho bechamel.


Molho:


Coloca a manteiga pra derreter e em seguida vai jogando a farinha de trigo aos poucos, sem parar de mexer. Quando dourar, derrama o leite e espera adquirir cremosidade. Sem parar de mexer. Cremogemou? Acerta com sal e pimenta e capricha na noz moscada que é o “corpo” do molho.


Molho pronto, despeja uma camada desse creme em cima da mussarela.


Carne ficou pronta?


Faz uma camada de carne em cima desse molho. Por cima da carne, mais uma camada de molho, mais uma camada de mussarela e polvilha com queijo parmesão.

Então recapitulando fica:
Batatas-mussarela-bechamel-carne-bechamel-mussarela-parmesão.


Coloca em forno pré-aquecido a 200°C até dourar e só servir com arroz e tomatinhos.






terça-feira, 20 de março de 2012

Eu me sinto super feliz quando encontro uma pessoa tão confusa quanto eu,,,

Me perguntam, assim, o que tu achas de tal coisa. Pô, eu não sei o que eu acho. Na hora eu acho uma coisa, meia hora depois eu posso achar outra. Eu não tenho opinião definida sobre nada. Não acho que isso seja insegurança. Acho que é abertura, acho que tudo é passível de uma outra interpretação.]

(…) Eu fico completamente baratinado quando começam a me perguntar o que vai ser, o que vai acontecer com uma tal coisa. Sei lá, eu não sei onde é que eu vou estar amanhã. Eu sei o que eu to fazendo hoje, agora, o resto não interessa. Talvez o mal é que a gente pede amor o tempo todo. Não se preocupa nunca em dar amor, sem esperar reciprocidade.

(…) A gente ta se perdendo todos os dias, pedindo pra pessoas erradas. Mas o negócio é procurar. A gente não se entregar a qualquer tipo de amor ou de entrega. Eu nunca vi porque evitar a fossa. Se a fossa veio é porque tinha que vir, o negócio é viver e tentar esgotar ela. A gente, quando tenta analisar qualquer problema, sempre vai se aprofundando, aprofundando, até que chega nesse fundo que é amor sempre.

(…) A gente sempre procura um amor que dure o maior tempo possível. Procura, procura, talvez tu aches. Pra mim é horrível aceitar o fato de que eu tô em disponibilidade afetiva. Esse espaço branco entre dois encontros pode esmagar completamente uma pessoa. Por isso eu acho que a gente se engana, às vezes. Aparece uma pessoa qualquer e então tu vai e inventa alguma coisa que na realidade não é. E tu vai vivendo aquilo porque não aguenta o fato de estar sozinho. Eu me sinto super feliz quando encontro uma pessoa tão confusa quanto eu. (…)
Caio Fernando Abreu

Dos dia-logos (2)

- Eu sou muito sincero.
- É mesmo? Que pena.

segunda-feira, 19 de março de 2012

terça-feira, 13 de março de 2012

Dos dia-logos

Eu: - Mas quantos filhos a senhora tem?
D. X: - Tenho três.
Eu: - Certo, então vamos fazer o cadastro dos meninos? Quantos anos tem esse e esse?
D. X. : 8 e 6.
Eu: Cadê o outro?
D.X.: O outro morreu quando tinha 2 anos, foi o meu primeiro filho.
Eu: Ah, então esse de 8 anos é o seu mais velho...
D. X: Não, este continua sendo meu filho do meio



Daquelas coisas que a gente escuta e alguma coisa muda.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Dona Palmirinha na cozinha - Barquinhas recheadas


Domingo é dia de que? Sim. De comida.
Não que os outros também não sejam, mas é que domingo é aquele dia em que  a gente acha que nosso organismo desligou o contador de calorias e tudo vira light e se joga nos carboidratos!
Encontro cozamigos – espumante – belisquetes – mousse de alho com torradas, ovinho de codorna- já disse que é domingo? Domingo, pode.

E Barquinhas!
A princípio acredito que vocês queiram perguntar: Gabriela, tu vai me ensinar a fazer pão com queijo assado?
Dã. Não é isso. Respeite as minhas barquinhas. Logo já descobrirá a gostosura que é isto.
Você vai precisar de:
Pão do dia
Azeite
Leite
Manteiga
Noz moscada *opcional
Batatas
queijo
presunto
tomate
E vários recheios de sua preferência.

Liga o forno para esquentar. (O pulo do gato para torradas perfeitas que só douram e não queimam é manter o forno o tempo todo a 180ºC). Enquanto isso, descasque 6 batatas médias (rendeu para 14 barquinhas) e põe pra cozinhar em água com sal.

Forno ligado, batatas no fogo. Agora vamos limpar a bagunça da pia e cortar pão. Corta no sentido do comprimento e retira o miolo. (Cuidado na hora de cortar o pão, se não tiver faca específica para cortar pão, use aquelas facas de mesa serrilhadas e segure o pão delicadamente, ele não pode amassar)

Forno ligado, batatas no fogo, pães cortados. Vamos facilitar a nossa vida e separar os recheios. Você pode usar o que quiser. Nesse dia, tinha desde o bom e velho queijo+tomate+presunto ao glamuroso de presunto de parma + cogumelo + queijo faixa azul. Então aproveitei essa espera das batatas e cortei em pedacinhos o presunto.

Pega uma forma e unta ela só com azeite. Pega seus pãezinhos e coloca na forma e manda pro forninho por uns 20 minutos.

Batata cozinhou bem? Se sim, agora vem o TCHAM das barquinhas para que não sejam chamadas JAMAIS de pão com queijo assado. Isso mesmo que está deduzindo cara amiga caminhoneira. Faremos purê de batata!

Se não souber fazer purê, volte pro final da fila do matrimônio. Você não tá pronta. Não se pode casar sem saber fazer purê de batatas.  Então se já sabe, pula o parágrafo, se não, senta que vou te dizer:

Batatas cozidas? Escorre. Agora arruma um espremedor. Se não tiver, vai de garfo mesmo e amassa as bichinhas numa vasilha. Põe umas duas colheres generosas de margarina das boas e vai derramando leite até adquirir toda uma cremosidade. Noz moscada é a cara de purê de batatas. Raspa um tico que verá a diferença que faz. Volta panela pro fogo e continua mexendo. Quando o purê começar a desgrudar da panela, desliga, mexe mais um pouco, e está pronto.

Acho que já dá tempo de tirar os paezinhos do forno, espera esfriar um pouco e olha que pecado:

Sim, é bem isto que você acabou de deduzir de novo, você vai rechear os miolinhos vazios de pão com purê de batatas. Fica uma coisa meio Baked Potato do Paraguai, só que melhor, pq tem "cocrância".
(cocrância= crocante)

Agora é brincadeira de criança. Recheou os paezinhos com o purê? Pega uma fatia de queijo mussarela e corta ao meio para ser a "tampinha" e joga por cima o que quiser. Neste dia usei:

1) queijo+presunto picadinho + tomate em cubinhos temperados
2) Presunto de parma + champignon + alcaparras
3) Champignon + alcaparras + lascas de queijo parmesão
4) Salame cortado em tirinhas + azeitonas + alcaparras

E pra ficar bem criminoso, em alguns ainda povilhei queijo parmesão faixa azul ralado por cima.

A vantagem desta receita é que você pode deixar todas as barquinhas assim, semi-prontas e só quando ozamigos chegarem, beliscarem, beberem é que você põe elas de volta no forno.

Agora imagina uma noite acompanhada de um espumante geladinho, música boa e barquinhas quentinhas com queijo derretido e purê de batatas "cremogemando" na sua boca?

sábado, 3 de março de 2012

Dona Palmirinha na cozinha - Pé de moleque

Não sei se é Pé-de-moleque ou pé de moleque. Whatever. O fato é que eu nem gosto de pé-de-moleque, mas acordei e decidi que TINHA QUE saber fazer pé-de-moleque ou então o mundo poderia terminar antes de 21 de dezembro de 2012 (a data é essa mesmo?) . Então eu fiz. Vai que... né? 
Coisa boba de tão fácil. Coisa linda de gostosa.
Você vai precisar de:
3 xícaras de açúcar refinado
Meio quilo de amendoim com pele
2 colheres de água
1 lata de leite condensado
1 pitada de bicarbonato de sódio
Sua empregada


Você ainda vai precisar de uma panela alta. Joga as 3 xícaras de açúcar (para quem é de doces não muito doces) mas quem for de doce mais doce que o doce da batata doce, sugiro colocar mais uma xicarazinha.
Então, despeja o açúcar na panela. O amendoim e duas colheres de água. Mexe. Mexe muito. Em fogo baixo. Por uns 20 minutos. A sua imagem tem que ser igual a esta, senão é pq vc já fez bobagem.


Vai chegar uma hora que você vai desesperar. Vai dizer: PQP, não vai dar certo, não tá caramelizando, Gabriela me fez gastar açúcar refinado!
Aliás, quer uma dica boba de tão boa que eu só lembrei quando cheguei do mercado? Cê não precisa comprar açúcar refinado que me custou 4 paus. Pega seu açúcar que custa dôrreal e passa no liquidificador. Depois peneira. Pronto. Açúcar refinado.  
Voltando. O negócio demora a caramelizar. Calma. Vai dar certo. Não caia na tentação de pôr mais água que vai endurecer tudo. Persista-no-açúcar-que-demora-a-caramelizar. Persista na vida. Persista na cinta do Dr. Rey. No começo parece que nunca vai funcionar, mas vai.
O açúcar caramelizou? Tem ficar maomenos assim, ó:

Na verdade esta é a metade do processo. Ainda tem açúcar empelotado, tá vendo? Tem que virar CARAMELO.

Quando chegar neste ponto, despeja a lata de leite condensado. Não assusta. É normal que borbulhe, que a coisa suba. Por isso, use colher de pau. Coloca uma pitada do bicarbonato. Mistura. Mexe um cadinho e desliga.
Agora vem a sacanagem: 10 minutos mexendo sem parar. Longe do fogo. Mexendo. Mexendo. Deve ser para dar cremosidade, não tenho certeza.
Aí entra a empregada diva salvadora da pátria. Você suborna ela e pede para que ela unte uma forma baixa e quadrada com óleo e farinha enquanto você está lá mexendo aquela coisa que vai grudar em todas as partes do seu corpo. Despeja o tijolo de moleque (pense num trem que fica duro) na forma (se você conseguir), espera esfriar, corta em quadradinhos e só. O resultado é esta lindeza:


Façam. Até eu que não sou de pé-de-moleque, curti.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Provérbio Mineiro

Ser verdadeiro é tão simples que a gente tem que dar uma "conferida" pra ter certeza que as pessoas merecem.

(CATIZANI, O oráculo)

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Do (sin)Tomas


"Não existe meio de verificar qual é a decisão acertada, pois não existe termo de comparação. Tudo é vivido pela primeira vez e sem preparação. Como se um ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio da vida já é a própria vida? É isso que leva a vida a parecer semp...re um esboço. No entanto, mesmo esboço não é a palavra certa, pois um esboço é sempre o projeto de alguma coisa, a preparação de um quadro, ao passo que o esboço que é a nossa vida não é esboço de nada, é um esboço sem quadro.
Tomas repete para si mesmo o provérbio alemão: einmal ist keinmal, uma vez não conta, uma vez é nunca. Poder viver apenas uma vida é como não viver nunca."

Milan Kundera, in A Insustentável Leveza do Ser, p. 14 (ed. Companhia das Letras)

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Coisa boa é o amor

Vou dizer uma coisa procês: Coisa boa é ter amigos e melhor ainda é saber o que te dá prazer. Recomeço a dar os primeiros passos para a minha felicidade e nada melhor para mim que um bom pé de fogão e encher a barriga de quem amo com coisas que me dão prazer. É impressionante como uma ida a feira me deixa satisfeita. O quanto dispenso fácil ver vitrines a corredores de supermercados cheios de novidades.

Feira pra mim é como livraria. Eu perco a noção da hora.

Sábado à noite também dispensei a cama, o edredon e os filmes e preparei uma noite de espetinhos para aquecer o coração dos meus.
E feito com todo esmero possível, servi como estrela principal da noite, um espetinho à moda Tailandesa espetado no alecrim. É um espetinho feito de um dia pro outro e para que eu não me esqueça da receita, ei-la:

Um dia antes, pegar um peito de frango e cortar em cubos. Tempero numa marinada de suco de limão, sal grosso moído na hora, pimenta do reino, pimenta dedo de moça picada com as sementes mesmo, gengibre ralado, curry em pó e azeite de oliva bom. Jogue isso tudo num saco Ziploc e põe na geladeira de um dia pro outro e tem que ir virando de vez em quando. É meu amigo, nada que é gostoso é fácil.

No dia do movimento, piquei em quadradinhos um pimentão vermelho, um amarelo, um verde e uma cebola, abacaxi em cubinhos, tudo isso espetado no alecrim fresco. É só escolher um com caule bem grosso.

O resultado é essa lindeza. Cêis precisam ver e sentir o que é o cheiro do alecrim na churrasqueira.



Rolou ainda uma versão "vegan" para os menos carnívoros.Não que de fato os houvesse, mas eu queria testar a receita, e UAU, fez sucesso e dividiu espaço com o franguinho. Até pronta pra casar disseram que eu estava. Esse é mais simples. Ferve a água com sal e azeite e joga o capeletti, dá uma cozinhada de 5 minutos para que o macarrão fique BEM al dente mesmo.



Em seguida, dá um susto na água fria para parar o cozimento. Nisso, vem outra marinada, só que esta, de umas 3 horinhas. Nesta marinada você junta numa bacia gorda os capelettis numa mistura de a cada 2 colheres de azeite extra virgem do bão, uma de suco de limão taiti. Sal e pimenta do reino e alecrim fresco. Corta tomatinhos sweet na metade e junta na marinada. Tem que deixar os macarrões bem molhados na bacia. Para montar os espetinhos alterne capeletti-tomate-folha de manjericão fresco-queijo coalho.


No mais teve música, tocador bom, vinho tinto, Stella Artois, Cuba libre, amigos, colo, aconchego, vento frio, chuva forte, cheiro de mato e muito riso. A manhã chegou que nem vimos, mas também, desse jeito que estava...

Todas as fotos crescem ao clicar.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Apenas uma maçã

Do meu Caio.

Nascendo nas minhas pupilas, círculos dourados se estendem até o infinito. A maçã ofega em cima da mesa. A primeira percepção é um grito de luz sobre o branco, a presença da maçã, contornos imprecisos contra a janela. Os círculos ampliados concentricamente contêm átomos de poeira em passeio pela manhã. É manhã? Não sei: é silêncio apenas. Fecho os olhos. Somente a memória fala: porque é certo que as pessoas estão sempre crescendo e se modificando, mas estando próximas uma vai adequando o seu crescimento e a sua modificação ao crescimento e à modificação da outra; mas estando distantes, uma cresce e se modifica num sentido e outra noutro completamente diferente, distraídas que ficam da necessidade de continuarem as mesmas uma para a outra. O corpo ao lado, vestido, e o movimento que pressinto de recusa. Mas ela não fala. Apenas olha. As pupilas cheias de pequenos pontos dourados. Pontos de fogo, de ouro, de luz. Pontos de: não.
— Não vou perguntar por que você voltou, acho que nem mesmo você sabe, e se eu perguntasse você se sentiria obrigado a responder, e respondendo daria uma explicação que nem mesmo você sabe qual é. Não há explicação, compreende?
Eu também não queria perguntar, pensei que só no silêncio fosse possível construir uma compreensão, mas não é, sei que não é, você também sabe, pelo menos por enquanto, talvez não se tenha ainda atingido o ponto em que um silêncio basta? É preciso encher o vazio de palavras, ainda que seja tudo incompreensão? Só vou perguntar por que você se foi, se sabia que haveria uma distância, e que na distância a gente perde ou esquece tudo aquilo que construiu junto. E esquece sabendo que está esquecendo.


Pede um cigarro, um objeto nas mãos torna mais fácil uma conversa dessas, compreende? A fumaça sobe devagar, já não existem os círculos dourados, agora são apenas cinza — a fumaça. Em torno, nada mudou. Até a água esverdeada do aquário parece a mesma. Espero. O peso na cabeça se dissolve aos poucos em contato com o dia.

— Não quero complicar nada. Nunca quis. Também não queria falar. Mas eu não podia simplesmente receber você com a cara de ontem.

Sentada na poltrona ao lado da janela, uma cara de hoje, o cabelo preso na nuca, o casaco do pijama escondendo as pernas, os pés descalços aparecendo. Movimento o corpo sob o lençol, sinto o contato do pano em toda a pele. Estou nu e ela adivinha o meu pensamento. Sorri:
— Não houve nada. Você não precisa se preocupar pelo que não houve. Você estava bêbado demais para qualquer coisa.

O cigarro, a maçã nas mãos: o tempo colocou na testa uma ruga que antes não havia.
De repente sinto medo. Um medo antigo, o mesmo que sentia o menino escondido embaixo da escada, esperando castigos. Um medo e um frio que nascem de alguma zona escondida no cérebro, nas lembranças, nas coisas que o tempo escondeu ao avançar, como se recuando súbito pusesse a descoberto todos os cantos invisíveis, todas as teias de aranha recobrindo velhos muros, os mesmos que tantas vezes tentei escalar sem que houvesse nada depois, nenhum caminho, nenhuma casa. Nada.

EU — Mas detesto analista amador.
ELA — Campo ou bosque ou deserto, qualquer coisa assim, compreende? O importante é que seja ao ar livre. Colabora, imagina. É só um teste.
EU — Um deserto, então.
ELA — Sem nada?
EU — Nada.
ELA — Mas nem uma palmeira?
EU — Nenhuma.
ELA — Um rio, qualquer coisa?
EU — Nada. Só areia.
ELA — E árvores?
EU — Nada.
ELA — Bichos?
EU — Nada.
ELA — Vento?
EU — Nada.
ELA — Água?
EU — Nada.
ELA — E a chave?
EU — Não encontro a chave.
ELA — E o muro?
EU — Muro tem.
ELA — E como é o muro?
EU — Antigo, feio, todo descascado, tijolos aparecendo, um pouco de limo, enorme.
ELA — Você sobe?
EU — Tento subir. Várias vezes. Mas caio, arranho os pulsos, sai sangue. Dói muito. Sempre tento subir, sempre caio outra vez. Mas sei que um dia eu consigo.
ELA — E depois?
EU — Depois o quê?
ELA — Depois do muro, o que tem?
EU — Nada.
ELA — Nada?
EU — Absolutamente nada.
ELA — E você, o que você faz, no nada?
EU — Não sei, me desintegro, acho.
ELA — E não dói.
EU — Não. Não dói.
(silêncio)
ELA — Você já tentou o suicídio alguma vez?
EU — Três, por quê?
ELA — O muro que você tenta subir. O muro é a morte.
EU — Ah.
(silêncio)
ELA — Você agora vai-me achar piegas, mas deixa eu perguntar.
EU — Pergunte.
ELA — Você não acredita em amor?
EU — Acho que não. Como é que você sabe?
ELA — Não existe água. A água é o amor.
EU — Ah. Que mais?
ELA — Nada.
EU — Nada?
ELA — É. Nada. Você não acredita em nada. Acha tudo estéril. Vazio. Seco. Um deserto. Nem problemas você tem.
EU — Problemas?
ELA — É. Os bichos.
EU — Ah.
ELA — Nem ideais. Com o perdão da palavra.
EU — Ideais?
ELA — É. As árvores.
EU — E daí?
ELA — Daí, nada.
(silêncio)
EU — Pronto: mergulhou no silêncio oceânico.(silêncio)
ELA — Você não passa dum puto niilista. O diabo é que eu gosto de você paca.
Não mais. Ela apanha o cigarro, joga o toco pela janela aberta. Apanha a maçã.
— Eu ia pintar essa merda. Mas acho que não há mais nada a dizer sobre a droga duma maçã. Nada a fazer, também.
— A não ser comê-la.
— É, comê-la. Mas esta está velha.
— Porque eu, meu filho, eu só tenho fome. E esse jeito instável de pegar uma maçã no escuro — sem que ela caia.
— Que saco, hein? Estava demorando.
— O quê?
— A citação. Quem é?
— Clarice Lispector.

Ela não sorri. Houve um tempo em que tive um rio por dentro, mas acabou secando.

EU — É possível um rio secar completamente?
ELA — Claro que é.
EU — Mas será que ele não enche depois? Nunca mais?
ELA — Alguns sim, outros não.
EU — Mas nunca mais?
ELA — Sei lá, acho que não.
EU — Você tem certeza?
ELA — Certeza eu não tenho. Só estou dizendo que acho. Afinal não sou nenhuma especialista em matéria de rios, secos ou não.
EU — Sabe?
ELA — O quê?
EU — Eu tinha esperança que o rio voltasse a encher um dia.

O dia avança lento. Quem pode deter o avanço do tempo? Alguma coisa vai ser dita ou feita, o tempo prepara meus ouvidos e meu corpo para as palavras ainda em gestação. Levanto as duas mãos, veias estendidas sob a tessitura clara da pele, dedos desertos como se segurassem uma palavra intangível. Anêmona. Varanda. Circunlóquio. Hipérbole. Cantata. Coleóptero. Fazendo um gesto, talvez. Ou falando. Como dói o deserto de dedos desassombrados. Entre eles, a revista, a ilustração: uma orquestra sinfônica. Merda para todas as orquestras sinfônicas. Nos banquinhos, as bundas assentadas, violinos, fagotes. Gozado fagote, não é? Parece um cavalo galopando em cima de nozes, oboés, contrabaixos. E contracimas, não tem, hein?. Sopé. E girândolas. Gôndolas girando? Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais — por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia — qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido. Não digo. Atrás do aquário, os dois olhos confundidos com os peixes. Será que peixe gosta de maçã? Mas se tivesse ido até o fim, teria voltado? Voltar não será como ir até o fim, não será prolongar o processo em vez de abreviá-lo? Nunca soube a cor exata de seus olhos. Quando os via muito de perto, minha única preocupação era observar o movimento dos pontinhos dourados no fundo das pupilas. Mas em que cor estavam contidos esses pontinhos, boiando em castanho, em azul, em verde, em negro? O cigarro queima os dedos, fumado até o fim. O sol ilumina um remendo na cortina. A mancha encolhe lentamente.

EU — Você gosta de mar?
ELA — Gosto. Parece uma coisa que eu sinto às vezes por dentro e nem sei bem como é. Nem o que é. Acho que se um dia eu me matasse seria no mar. Queria ir entrando na água bem devagarinho, vestida de branco, descalça, cabelos soltos.
EU — Poesia fácil
ELA — Vá à merda.
Atira a maçã para cima, recebe-a de novo, indecisa, num movimento que quase descobre os seios. As pernas compridas, um pouco brancas demais. Os olhos talvez meio estrábicos. Mas a cor? Que cor? O gesto antigo de afastar um fio de cabelo inexistente.
— Vá embora — ela diz.

Visto a roupa devagar. Começo a descer as escadas. Não olho para trás. De que adiantaria olhar? De que adianta não olhar?
Vou desviando das poças sujas da chuva de ontem. O asfalto esburacado. O céu cheio de fumaça. E de repente uma maçã espatifada contra o cimento. A carne madura demais espalhada em torno. Não há nada a dizer sobre ela, não passa de uma maçã morta.